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Improvising with Numbers: cinco grandes álbuns de música erudita contemporânea gravados no início do século 21 (parte 2)

John Adams
A música nem sempre avançou nos mesmos moldes de complexidade e sofisticação que a artes plásticas, mas delimitar as características estéticas do que se ouve é sempre mais difícil do que delimitar as características estéticas do que se vê: observar os traços de uma tela de Picasso e entender que aquilo é cubismo porque trata-se da construção ou desconstrução das formas através da geometria é mais fácil -- até por ser algo visualmente perceptível -- do que compreender o porquê do álbum Out to Lunch, de Eric Dolphy, soar atonal, estranho e especialmente timbrístico e ruidoso -- isto é, quero dizer que a música necessita de uma maior capacidade de fruição sensorial por parte do apreciador. Essa dificuldade de esmiuçar e classificar a música fica ainda mais evidente quando o assunto é música erudita moderna ou contemporânea, onde a evolução heterogênea da arte musical advém -- e, por ora, se desapega -- de um exercício quase milenar: isto é, a liberdade de criação atualmente instaurada pressupõe que um mesmo compositor erudito contemporâneo possa usar um arsenal de técnicas e elementos compositivos que podem vir desde o barroco, passando pelo romântico, passando pelo modernismo do século 20, passando pela música minimalista, até englobar outras influências fora do universo erudito como o jazz, a música oriental, o rock, a pop music, o hip hop e etc, o que deixa esse tipo de música extremamente difícil de ser categorizada -- aliás, o negócio para quem não quer essa complicação é apenas ouvir; ouvir sem querer classificar ou rotular essa mistura de estilos e elementos. Para isso, existem os pesquisadores e críticos de música: para classificar, tentar explicar a música de uma forma metódica, didática, facilitada ao apreciador leigo que se interessa em conhecer os elementos da música, de forma que ele possa saborear melhor os ingredientes existentes nas várias estéticas musicais. No entanto, vivemos uma fase tão confusa em termos criativos que até para o crítico e pesquisador está difícil compreender quais movimentos e quais compositores são os divisores de águas da música erudita contemporânea. Talvez daqui a 30 anos venhamos começar a compreender quais caminhos essa música está tomando agora -- digo: nessas primeiras décadas do século 21. Por enquanto, o que sabemos é que estamos vivendo uma era chamada de pós-moderna -- que teria começado com a música minimalista nos anos 70, após o esgotamento dos experimentalismos levados a cabo pelos modernistas do século XX: falo transformações como dodecafonismo, serialismo integral, eletroacústica, música espectral e etc -- onde músicos e compositores experimentam misturas as mais diversas sem se importar com classificações ou delimitações estéticas -- unem passado, presente e aspirações futuristas numa orgia orgânica de elementos em recortes: é o que já fizeram Luciano Berio, Philip Glass, John Adams, Frank Zappa, John Zorn, Magnus Lindberg, Wynton Marsalis, entre outros. Dito isso, sigo, aqui, com mais um post da série "Improvising with Numbers" fazendo uma amostragem de cinco álbuns de música erudita contemporânea gravados neste início de século -- lembrando que já há um post anterior dessa série onde eu  postei uma primeira parte com cinco indicações de álbuns de música erudita composta neste início de século. A intenção com esses posts não é apenas mostrar um número temático de registros musicais, mas a principal intenção é mostrar que, assim como o jazz está evoluindo através de novos e inovadores registros, a música erudita também está evoluindo da mesma forma, ainda que a passos mais curtos e com um público mais elitista, em sua maioria -- aliás, a intenção mesmo é democratizar o acesso à informação sobre o que está acontecendo com essa música a qual tão poucas pessoas tem acesso: basta ver, por exemplo, que no Brasil praticamente não temos programas que dêem ênfase para a música contemporânea nos nossos teatros, conservatórios, universidades, canais de rádio e TV e etc. Mas como sabemos que a música erudita não parou em Schoenberg e Stravinsky, sigamos!

Dialogues/ Boston Concerto/ Cello Concerto/ ASKO Concerto - Elliott Carter (2008)

Eis aqui um álbum com algumas das últimas obras do compositor americano Elliott Carter (1908 -.....), todas escritas por ele neste início de século. Trata-se, aliás, de mais um álbum comemorativo aos cem anos do compositor, que atualmente está com 103 anos e vivo, compondo de forma ativa e lúcida, algo que é surpreendente, dada a energia que se precisa ter para criar música nos moldes que ele cria! Lançado pelo maestro inglês Oliver Knussen em 2008, quando Carter estava fazendo 100 anos de idade, este álbum contém quatro de algumas das suas últimas peças: Dialogues (peça para piano e orquestra de câmera concluída em 2003, aqui com o pianista Nicolas Hodges e a London Sinfonietta), Boston Concerto (peça orquestral concluída em 2002, aqui com a BBC Symphony Orchestra), Cello Concerto (peça concluída em 2001, aqui com o violoncelista Fred Sherry e a BBC Symphony Orchestra) e Asko Concerto (concerto para cinco músicos, aqui com um conjunto de câmera chamado Asko Ensemble). Sobre as características estéticas contidas neste material, basta apenas se ter em mente que, apesar de menos sinuoso, o estilo mais recente de Elliott Carter ainda é predominantemente idiossincrático, ainda traz ecos no modernismo do século 20 e ainda é baseado em suas próprias descobertas métricas e pontilhistas as quais ele passou a usá-las a partir dos anos 50: modulação métrica (frases sobre frases em andamentos e compassos e modulações rítmicas diferentes, algo que dá um efeito de frases entrando em conflito entre si ou fazendo ecos às outras), pontilhismo contrapontístico sofisticado e um atonalismo que ele sempre fez questão de dizer que lhe é próprio e não dodecafônico. Destaque para o brilhantismo da peça orquestral Boston Concerto. Ademais, a peça que foge à regra neste CD é a Diologues, que é constituída de diálogos interativos entre piano e orquestra.



Caribbean Rhapsody - Concerto for Saxophones and Orchestra - Roberto Sierra (2011)

Um álbum bem aos estilos da Third Stream (corrente musical que prega o jazz com arranjos musicais sinfônicos) e da música erudita contemporânea, mas com ecos em elementos tradicionais. Roberto Sierra, premiado compositor contemporâneo porto-riquenho, é o autor das peças. James Carter, aclamado instrumentista de jazz, é o executante principal. A orquestra é a Sinfonia Varsovia, aqui sob a condução do maestro Giancarlo Guerrero e o suporte de colaboradores como a violinista Regina Carter (prima de James) e o The Akua String Quintet. No CD, há quatro peças: Concerto for Saxophones (dividida em três movimentos), Tenor Interlude, Soprano Interlude e Caribbean Rhapsody, que dá título ao álbum. A escrita de Roberto Sierra é pós-moderna, mas trata-se aqui de um pós-modernismo mais apegado ao modern mainstream e ao uso de misturas com elementos tradicionais: a estética do material é um amálgama interessante de jazz e música erudita ao estilo neo-romântico com pitadas de lirismo e rítmos latinos-caribenhos. Destaque para a faixa Fast (with Swing), o terceiro movimento do Concerto for Saxophones, onde James Carter exibe sua maestria advinda do swing jazzístico. Destaque também para Caribbean Rhapsody, onde há interessantes conversações entre o saxofone de James Carter com o violino de Regina Carter.



Beautiful Mechanical - yMusic (2011)


A mini-orquestra-sexteto nova-iorquina yMusic é um conjunto de câmera constituído de jovens músicos que combinam a complexidade da música erudita com a energia e a elasticidade do rock e da pop music. O conjunto é composto por seis virtuoses (alguns deles formados na Juilliard School of Music) que, além de tocarem em grandes orquestras e outros conjuntos de câmara, também são colaboradores requisitados por artistas e bandas do rock e do avant-pop como Arcade Fire, Spoon, Vampire Weekend, Bon Iver, The National, Björk, David Byrne, Grizzly Bear, Antony and the Johnsons e Sufjan Stevens. E no final de 2011 eles lançaram um álbum muito interessante que apresenta esse amálgama compositivo de música erudita e linhas de pop e rock: trata-se do álbum Beautiful Mechanical. Trata-se de um álbum que reúne temas arranjados e peças de um conjunto de igualmente novos e jovens compositores tais como Ryan Lott (Son Lux), Greenstein Judd , Annie Clark (St. Vincent) , Gabriel Kahane , Sarah Snider , e Shara Worden (My Brightest Diamond). A idéia do yMusic é fazer música contemporânea de forma agradável e divertida: para tanto, além de apelarem para a corrente minimalista e para a "nova consonância", também usam e abusam de contrapontos e pulsações rítmicas inusitadas, bem como de linhas melódicas advindas da pop music. Ouça:






Brad Mehldau/ Kevin Hays/ Patrick Zimmerli - Modern Music (2011)


O pianista de jazz Brad Mehldau não pára de lançar tentos incríveis -- e, portanto, com certeza já é um pianista consagrado para o hoje e para enquanto durar a "eternidade terrena"! Neste álbum, ele e seu amigo Kevin Hays, outro pianista, executa peças escritas por eles mesmos e peças e arranjos escritas pelo compositor Patrick Zimmerli, que é, afinal, o nome central do álbum. Mas, também, além das obras composicionais, há obras de compositores eruditos modernos e contemporâneos como Steve Reich, Richard Strauss, Philip Glass, Arvo Pärt, Henryk Gorecki e do jazzmaster Ornette Coleman, todas realizadas a dois pianos. Brad Mehldau, que já vinha deixando -- na linha improvisativa de Keith Jarrett -- sua marca no mundo da música contemporânea com uma pá de álbuns onde reinventa a arte do piano-trio (piano, bateria e contrabaixo) e do piano-solo, agora também ousa a se aventurar pela música erudita contemporânea. Patrick Zimmerli, por sua vez, é um compositor que atua tanto com modernosos músicos de jazz como compõe peças encomendadas por orquestras e conjuntos de câmeras. O resultado é uma viagem aventurosa entre a escrita erudita e a arte da improvisação, com direito a efeitos cristalinos, climas harmônicos de frescor contemporâneo e vôos pianísticos inusitados -- e lembrando: a dois pianos! O título, Modern Music, parece, à primeira vista, pretensioso, mas não o é após uma audição do material: trata-se de uma reunião do que há de mais moderno da música dos últimos tempos!



Doctor Atomic Symphony - John Adams (2009)


John Adams -- considerado um dos mais venerados compositores contemporâneos -- é um dos pioneiros do movimento minimalista iniciado entre o final dos anos 60 e início dos anos 70 -- aliás, ele sempre usou o minimalismo de uma forma mais especial do que seus contemporâneos, ao meu ver. Porém, nas suas últimas obras o compositor adotou mais severamente a estética da "nova consonância" como base da sua criatividade, decorando-as, ora ou outra, com cristalinos climas e espasmos minimalistas, mas sem aquele exacerbado volume de notas repetitivas: a peça Doctor Atomic Symphony é uma das obras que confirma essa sua nova áurea musical. Doctor Atomic, aliás, foi, inicialmente, uma ópera composta por Adams no início dos anos 2000 com base na temática da primeira bomba atômica, testada pela primeira vez em 1945 e usada pelos EUA para intervir na Segunda Guerra Mundial, contra o Japão: o libreto, aliás, usa a personagem do físico J. Robert Oppenheimer, considerado o "father of the atomic bomb", e as personagens políticas e militares relacionadas na época da descoberta e do teste da bomba. Compositor politizado, John Adams sempre trouxe, de uma forma muito imaginativa e meditativa, temas e acontecimentos polêmicos da história do mundo moderno para suas obras -- Nixon in China, por exemplo, também uma ópera e uma das suas obras mais famosas, é inspirada na importante visita que o ex-presidente dos EUA Richard Nixon fez à China em 1972. Neste álbum, Doctor Atomic Symphony, a gravadora Nonesuch apresenta a versão sinfônica da ópera citada: trata-se de uma adaptação orquestral que Adams fez em 2007, sendo estreada pela BBC Symphony Orchestra no mesmo ano. A música de Doctor Atomic Symphony, apresentada no álbum, é um misto de nuances tristes com espasmos aflitos: há, enfim, um clima musical de guerra e suspense mesmo, que vai se delineando entre fundos líricos e tristes protagonizados pelos instrumentos de cordas e partes mais imperativas reforçadas com instrumentos de metais. No álbum, a orquestra é a Saint Louis Symphony Orchestra conduzida pelo maestro David Robertson. Abaixo, há uma trecho  com da Cabrillo Festival Orchestra conduzida pela célebre maestrina Marin Alsop.

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